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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Último e O Primeiro

No último dia do ano, acordei cedo. Bastante cedo. Às cinco e quinze da manhã, para ser exato. Era necessário arrumar a mala e seguir em direção à última viagem do ano e, ao mesmo tempo, a primeira de 2009. Destino: Escócia. Mesmo sem conhecer alguém que habite em terras escocesas e não ter um roteiro definido, espero que minha viagem pelo país seja tão boa quanto as anteriores.

É com esse otimismo que pretendo iniciar o ano de 2009. Após as turbulências vividas em 2006 (sendo a principal delas a perda do meu pai), 2007 foi ano de traçar novos planos, novas metas para a vida. Trago em mim uma felicidade ao olhar para trás e perceber que muitas coisas que planejei foram alcançadas em 2008. Talvez, o maior exemplo disso seja a minha experiência de vida atual. Mesmo com as adversidades (dólar disparado e, com isso, o Euro nas alturas / 1 Euro= 3 reais e 53 centavos), minha mãe, a quem rendo um agradecimento eterno, tem batalhado para tornar, de fato, concreta "a minha realidade". Não podia deixar que o ano terminasse sem render este agradecimento público à pessoa mais importante da minha vida, minha mãe...

O despertar do meu alarme indica que é hora de partir rumo ao Reino Unido. É hora, também, de encarar o frio de - 3 graus e seguir em direção ao aeroporto da cidade de Charleroi, na Bélgica, de onde sairá o vôo com destino a Glasgow, na Escócia. Assim que retornar, na próxima segunda-feira, espero comentar como foram as andadas pelo frio país escocês.

Espero que em 2009, consiga alcançar novas metas, abraçar novas oportunidades. Mas este meu desejo não é pessoal. Espero que todos, que direta ou indiretamente fazem parte da minha REDE, consigam o mesmo êxito em 2009.

Bonnes fêtes! :D

domingo, 21 de dezembro de 2008

PRIMEIRO, o Natal. Depois, o PRIMEIRO-Ministro

Nesta semana, cheguei a uma conclusão. Mas, antes de citá-la, vou apresentar os fatos. Após a crise econômica, iniciada nos Estados-Unidos, que golpeou as estruturas econômicas de todos os países do Mundo, a Bélgica passa, agora, por uma nova crise. Desta vez, a crise é de ordem política. O país, que é monárquico, mas dividido em três regiões, cada uma, por sua vez, com uma língua oficial (francês, holandês, alemão) e costumes singulares viu, na última sexta-feira, a sua figura política mais importante ser demitida pelo próprio Rei.

O Primeiro-Ministro belga, Yves Leterme, foi acusado pelo tribunal de justiça da Bélgica de favorecer, durante a sua administração, o principal banco do país, FORTIS, aprovando medidas inconseqüentes que favoreciam diretamente os acionistas do banco. Sinceramente, não tenho propriedade para detalhar o caso, mas o fato é que o país se vê, novamente, sem direção política, já que o Rei é apenas uma figura no tabuleiro da política local.

Desde sexta-feira (19), data em que o Primeiro-Ministro foi demitido do cargo, a imprensa do país vem registrando maciçamente o desenrolar da situação. A França, país que faz fronteira com a Bélgica, também tem se envolvido, publicando em sites da internet artigos de opinião que criticam a desastrosa política do país vizinho, a Bélgica.

A capa do principal jornal da Bélgica de ontem (20), o Le Soir, foi na cor escura, simbolizando o luto político do país. Com a demissão do Primeiro-Ministro, para se ter uma idéia, o país fica sem a figura política mais imponente no poder. É como se não tivesse quem o governasse. Na próxima semana, de acordo com informação do Le Soir, o Rei deve convocar os líderes de partidos para anunciar o nome do novo Primeiro-Ministro...

Agora, sim, posso dizer a que conclusão cheguei. O engajamento político dos jovens do país é ínfimo. Ainda, ontem, ao conversar com dois vizinhos, que são Belgas, pude constatar tal situação. O engajamento que me refiro não é o de pegar bandeiras e ir a praças públicas para reivindicar mudanças, revoluções. Não! Mas um engajamento de saber o que se passa ao redor. Fiquei surpreso ao perceber que os meus vizinhos nem sabiam da demissão de seu principal líder político. Fui, na verdade, quem contou a eles sobre o ocorrido. Apesar da repecursão do caso, poucos ainda sabem da gravidade que isso representa ao próprio país.

Enquanto a 'Bélgica' corre contra o tempo para reorganizar sua casa política, os belgas continuam tomando sua cerveja nos pubs da cidade, fazendo normalmente suas compras nos shoppings e se lambuzando de chocolates e batata-frita pelas ruas. Afinal, é Natal e o belga não quer se sentir incomodado. Diga-se de passagem, o belga tem a cultura do "não me incomode, por favor". É incrível o quanto as pessoas por aqui são individualistas e, às vezes, pouco sociáveis. Para os belgas, neste momento, é preciso, PRIMEIRO, se preocupar com o Natal e, depois, com a situação da falta do Primeiro-Ministro.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Conectar-se!

É impossível viver sem ela! Ainda mais quando se trata de uma ferramenta essencial para o estudo, para a comunicação diária com a família e amigos. Ela é, também, uma fonte de entretenimento, na ausência do rádio e da televisão. Como o acesso diário à internet faz falta! Sem conexão à rede, o dia se torna tedioso, ainda que existam outras ocupações. Em suma, nada substitui o contato diário que tenho tido com a internet nos últimos três meses.

Há três dias não sei o que é desfrutar de um acesso a internet. Todas as vezes que efetuo login, digito a senha de acesso ao sistema com pensamento positivo. “Dessa vez, a conexão será estabelecida”. Pensamento em vão! Após o duplo clique no ícone “Rede sem Fio”, recebo a resposta de que o sinal foi bloqueado e, por isso, a conexão à internet foi malsucedida. Sim, até a última quinta-feira, minhas conexões eram feitas “clandestinamente” utilizando o acesso Wi-Fi ,que, às vezes, se pareciam mais Wi-Cai, de uma rede desprotegida denominada Philips. O administrador da rede, a única que até então era aberta, resolveu bloqueá-la com senha. Podia ao menos ter avisado, não?!

A necessidade de saber o que ocorre no Brasil, mesmo não estando nele, é um ofício quase que diário que fora interrompido. Como faz falta ouvir as principais notícias do Brasil lincado direto com o site da CBN. É terrível não poder acompanhar a atualização das últimas notícias do Brasil e do Mundo pela Folha Online. E quais devem ter sido as notícias do Estado de Goiás publicadas pelo DM nos últimos dias?! Como poderei ligar em casa utilizando o Skype?! Meus e-mails filosóficos dirigidos a amigos especiais ficarão sem ser enviados, respondidos?! Os meus recados do Orkut, como serão acompanhados?! Acredito que o meu feeling no facebook já esteja na hora de ser alterado, mas como?! Que saudade do Real Player e das rádios francesas que nele escutava! Estava ótimo, também, acompanhar pelo Youtube as centenas de episódios da série Os Normais. Mas, a anormalidade da minha conexão, fez com que tudo fosse interrompido.

São apenas três dias sem conexão, repito. Talvez, alguns interpretem essa quase obsessão como vício, mas para mim trata-se de uma necessidade. Ficar offline para o mundo, ainda que seja por pouco tempo, faz uma falta inexplicável. Por isso, espero, em breve, contratar um provedor de internet local para, então, restabelecer o meu acesso no cyber-espaço.

domingo, 23 de novembro de 2008

Novo Espetáculo

Oficialmente, o inverno não chegou no Hemisfério Norte. Mas, na última sexta-feira, 21, uma chuva, acompanhada de trovoadas, inaugurou, por aqui, o tempo frio. Para dar boas-vindas antecipadas ao inverno, nevou, em Liège, na Bélgica. Por mais de meia-hora, pude, encantado, presenciar de camarote, da janela do meu quarto, as centenas de milhares de flocos de neve que caiam sobre a cidade.

Na manhã de sábado, era possível contemplar o trabalho feito pela natureza durante toda a noite do dia anterior. As ruas, os carros estacionados, as coberturas dos prédios e das igrejas, as árvores e, inclusive, os monumentos de Liège foram tomados por uma grossa camada de gelo acumulada pela nevasca.

Com a precipitação constante de neve, andar pelas ruas é, agora, uma aventura arriscada. Além do risco de se escorregar, o ambiente externo tornou-se um verdadeiro 'freezer ao ar livre'. A temperatura média da cidade, durante o dia, caiu para 3 graus. Ao escurecer, por volta das quatro da tarde, hora local, uma da tarde, hora oficial de Brasília, no Brasil, a temperatura reduz ainda mais. À noite, os fortes ventos acompanhados de uma fina nevasca contribuem para uma queda maior da temperatura. A fria sensação térmica torna insustentável caminhar pelas ruas sem que esteja bem agasalhado.

Apesar do frio intenso e da ausência de raios solares, contemplar a neve nas folhas das árvores e nos telhados das velhas construções da cidade é uma terapia, ainda que o clima esteja cinzento. A neve não anuncia somente a chegada do inverno. Ela traz para a cidade um clima diferente. É impossível não associar a presença da neve, também, com o Natal que se aproxima. Para quem nunca havia assistido tamanho espetáculo da natureza, talvez a neve seja uma das mais belas exibições.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bela ITÁLIA: o país em palavras

A paralisação de 24 horas do sistema ferroviário da Itália surpreendeu centenas de turistas que visitavam o país no início desta semana. Na tarde de domingo, 09, o que se via eram estações cheias e filas enormes para a compra de bilhetes de embarque nos últimos trens que partiriam, até o início da noite daquele dia, das cidades turísticas em direção às cidades aeroportuárias do país. Para atender a demanda, a companhia "TrenItalia", responsável pela malha ferroviária do país, vendeu um número de bilhetes acima da quantidade de assentos nos trens. Resultado: viagens longas sem nenhum conforto, apesar do valor caro pago pelas passagens.

O tumulto de domingo teria tudo para transformar minha viagem à Itália em um verdadeiro caos. No entanto, nem mesmo a greve do sistema ferroviário conseguiu transformar em pesadelo minha passagem pelo Norte do país.

Milão, Veneza, Verona, Florença e Pisa foram as cidades visitadas durante os cinco dias de peregrinação pelo "país das massas". A única cidade que estava no roteiro, mas não pôde ser visitada, em decorrência da paralisação dos trens, foi Siena, já que o retorno a Milão teve que ser antecipado para que eu não perdesse o vôo de volta a Bruxelas, na Bélgica, na manhã de terça-feira, 11.

Pelo Norte da ITÁLIA

MILÃO - A capital internacional da Moda é uma vitrine a céu aberto. Na cidade, as pessoas não andam e, sim, desfilam. As modernas galerias tomaram as principais ruas e avenidas de Milão. O que se vê a todo momento são 'outdoors eletrônicos' mostrando as mais novas tendências da moda. Impossível passar pela cidade e não comprar nem que seja um par de meias. Além das galerias, Milão possui uma das mais modernas lojas da Ferrari e é famosa, também, por 'sediar' um dos times mais importantes da Itália, o Milan.

VENEZA - Os belos canais da cidade e suas ruas apertadas impedem que carros circulem em toda a sua área. A cidade, que já serviu de cenário para inúmeros filmes, conserva seus velhos cortiços, igrejas e casarões construídos ao redor dos grandes canais. Outro charme de Veneza está na tradição das máscaras. Por todo lado, vê-se lojas especializadas em sua confecção e venda. Muitas das lojas possuem fotos de celebridades internacionais espalhadas por toda parede como prova da visita ilustre dos artistas a uma das mais famosas cidades da Itália. A bela Veneza é um labirinto urbano. Andar pelos becos venezienses é tão relaxante como descansar à beira do mar. Uma dica para visitar Veneza é ter um mapa em mãos. Sem ele, a visita à cidade pode se tornar em um passeio nada divertido, já que será fácil se perder e impossível chegar aos locais mais visitados.

VERONA - Inicialmente, a cidade não estava no roteiro da viagem. Mas a falta de trens partindo de Veneza direto para Florença obrigou uma escala muitíssimo agradável na pequena cidade de Verona. Aqueles que já leram e releram a obra "Romeu e Julieta", de William Shakespeare, certamente iriam se fascinar com a casa de Julieta, situada por lá. O clima romântico da cidade nostalgia até mesmo os solteiros de plantão. Além de abrigar a casa da jovem personagem de uma das mais famosas obras dramatúrgicas de Shakespeare, Verona conserva um dos coliseus mais antigos da história da civilização. Com ou sem tempo, durante o dia ou à noite, vale a pena conhecer a cidade.

FLORENÇA - Cidade ao norte da Itália que abriga um dos maiores acervos artísticos do Renacimento italiano. Além das imponentes construções históricas da cidade, como o Duomo, Florença possui galerias de pintura e escultura dos mais famosos artistas de todos os tempos, como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Giotto. Florença também se orgulha de ter sido a cidade natal de Dante Alighieri, autor da "Divina Comédia". Uma das obrigações de todo turista que vai a Florença é visitar a casa de Dante. Impossível não se sentir parte da história ao andar pelas ruas da cidade.

PISA - O sossego da pequena cidade italiana é quebrado com o fluxo constante de turistas na região. Apesar de abrigar somente a torre que dá o nome à província, Pisa é um dos locais mais bonitos da Itália. Foi indescritível a emoção de ter me aproximado de um monumento tão famoso como a Torre de Pisa. Na realidade, imaginava que a torre fosse mais alta. Mas, mesmo sendo baixa, a Torre de Pisa encanta a todos os turistas que se dirigem à região.

Itália em síntese

Pela primeira vez, não precisei recorrer ao "fast food" para me manter 'nutrido' durante os cinco dias de viagem fora da Bélgica. Até mesmo o MacDonald's italiano proporciona menus diferenciados. Isso prova a riqueza da culinária do país. Macarrão, lasanha, inhoque e pizza dos mais diversos sabores são as atrações nas mesas dos restaurantes da Itália. O preço das refeições varia em torno de 6 euros. Quanto às bebidas, no país, beber vinho é mais econômico do que tomar uma lata de 33o ml de Coca-Cola.

O mais oneroso ao visitar a Itália são os absurdos preços das passagens de Trem. O fato do país possuir cidades com fortes potencialidades turísticas faz com que a companhia ferroviária local extrapole no valor das passagens. Durante a visita ao país, cerca de 120 Euros foram gastos somente na compra de bilhetes para viajar de trem de uma cidade para outra.

'Apesar dos pesares', um retorno à Itália está agendado para o início do verão europeu. Na próxima visita ao país, desembarcarei em Roma e peregrinarei pelas cidades localizadas ao Sul. Sem dúvida, a Itália não é um país para se visitar somente uma vez. Quem esteve por lá sai encantado e, por isso, é seduzido a retornar.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A revelação de uma nova língua

Estava no supermercado. Procurava por feijão, mas não conseguia encontrá-lo à venda nas prateleiras. De súbito, me vejo no parque. Olho para o alto e vejo apenas rastos brancos deixados pelos aviões no céu. Momentos depois, pergunto para um estranho que horas são. Ele me responde: “Pardon, monsieur! Je ne sais pas l'heure, parce que je n'ai pas une montre". Acordo! São quase onze e meia da manhã.

A fala do estranho foi tão marcante que, hoje, o gesto do sinal da cruz feito diariamente ao me levantar foi substituído por uma corrida desesperada em busca de um papel e uma caneta para anotar o que havia escutado em sonho. A simples frase, “Perdão, senhor! Eu não sei que horas são, porque não tenho relógio”, dita em francês, teve para mim, o mesmo efeito de uma revelação divina feita por anjos em sonhos, como narrado em diversos trechos da escritura bíblica.

Este teria sido apenas mais um sonho se o estranho não tivesse falado em francês. Talvez, as teorias de Chomsky, que estudou os processos de aquisição da linguagem, prevejam reações como essas em momentos inesperados, como em sonhos.

Pela primeira vez, em dois meses no exterior, a língua francesa invade o meu inconsciente. Se estivesse no Brasil e pesquisasse pelo significado do sonho, talvez algum charlatão até me diria que seria a possibilidade de uma viagem para fora do país. Mas como já estou em solo estrangeiro, interpreto o fato ocorrido, durante o sonho, como sendo a minha integração a uma das línguas faladas na Bélgica. Inevitavelmente, o francês já faz parte da minha vida.

Considero-me, ainda, em fase de alfabetização na língua francesa. No entanto, já consigo ler e entender textos diversos, comunico o essencial com as pessoas, escrevo frases de grande valia para uma comunicação escrita e já ensaio as primeiras sentenças formais para uma comunicação oral utilizando a língua francesa . Aos poucos, o inglês, língua que tem me dado sustentação para a minha integração ao novo meio, vem sendo substituído pelo francês. Sem perceber, tenho deixado a minha fase bilíngüe para me tornar trilíngüe. Creio que, em breve, poderei ter orgulho de dizer seguramente: Oui, Je parle très bien français!

C'est tout!

domingo, 19 de outubro de 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Segunda-feira Vermelha >>> Lundi Rouge

O inesperado aconteceu. É sabido que a Europa, no passado, foi berço de grandes revoluções. Mas, algo me chamou a atenção na manhã desta segunda-feira. Achei estranho ir para a universidade e, ao chegar lá, ver os corredores vazios. Inicialmente, pensei que a causa para tamanha desolação fosse ressaca de alunos e professores. Afinal, segunda-feira é a mãe de todos os oximoros.

Em frente ao auditório, local onde seria ministrada a aula de semiótica visual, apenas oito alunos aguardavam a chegada do professor. Um número pequeno para a quantidade de alunos inscritos na disciplina. Após aguardarmos meia-hora fomos verificar o porquê, até aquele momento, não havíamos tido permissão para entrar no auditório para o início da aula.

Ao me aproximar da sala da coordenadoria do curso, avistei, de imediato, um aviso afixado na porta, ironicamente redigido a caneta vermelha. O aviso dizia que pelo motivo da GREVE dos motoristas de ônibus as aulas haviam sido suspensas no dia de hoje. Uma informação bombástica para quem, até então, acreditava que greve era uma realidade restrita a países de terceiro mundo.

Ao chegar em casa, fui verificar as proporções da greve. Ao acessar o site do periódico mais influente da Bélgica, Le Soir, tive ciência das proporções da paralisação que atingiu hoje todo o país. Tanto as linhas de ônibus, quanto os trens deixaram de funcionar nesta segunda-feira. Os sindicatos realizaram várias movimentações nas mais importantes estações de trem e ônibus da Bélgica.

Em virtude da greve, de acordo com informações da matéria online do jornal Le soir, não só as instituições de ensino pararam. A produção das indústrias e siderúrgicas instaladas no país também foi afetada com a paralisação. Muitos funcionários não conseguiram se deslocar para os locais de trabalho, informa o periódico.

A Greve que parou o país me espanta. Apesar de pequeno, a Bélgica é um dos países mais fortes economicamente da União Européia. Mas a força econômica deste país monárquico não suprimiu as forças do socialismo. Hoje, não foram tapetes vermelhos que ornamentaram as entradas dos palácios da Bélgica. Os tapetes vermelhos foram tomados por bandeiras vermelhas, erguidas por trabalhadores que reivindicavam melhores salários, realçando ainda mais a ornamentação dos imponentes palácios.

A única certeza que tenho depois de acompanhar os fatos é que a força do socialismo em meio à riqueza monárquica da Bélgica assombra qualquer estrangeiro oriundo da parte sul do hemisfério.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Choque Cultural

As diferenças culturais entre o Brasil e a Bélgica são equivalentes à distância que separa os dois países. Alguns hábitos são tão estranhos, se analisados sob a ótica dos costumes brasileiros, que representaria, no Brasil, atitudes deselegantes se praticadas em público.

Quando cheguei em Liége, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o número de cães na cidade. As pessoas criam os cães como se fossem membros da família. É comum presenciar os animais, acompanhados dos donos, nas ruas, nos carros, nos supermercados, dentro dos ônibus e em outros locais públicos. O detalhe é que não se tratam de cães pequenos. São animais enormes. Alguns maiores que crianças de seis anos de idade, por exemplo.

Outro costume belga está na forma de se cumprimentar. Ao contrário do Brasil, onde o famoso “beijinho” é dado somente quando um garoto e uma garota se encontram, aqui, os homens, numa atitude de amizade, se beijam na bochecha. Um fato curioso para quem é proveniente de um país em que toda e qualquer atitude semelhante a essa é digna de estranhamento.

Por várias vezes perdi o apetite em restaurantes, durante o almoço e a janta, porque alguém, na mesa ao lado, assuou o nariz de forma nada discreta. Para mim, um momento não oportuno. Para os belgas, uma atitude nada desrespeitosa e, muito menos, indelicada. Assuar o nariz por aqui é comum, independente do local que esteja.

Enquanto no Brasil, o almoço é considerado a refeição mais importante do dia, na Bélgica, muitos não param para almoçar. Ao meio-dia, a maioria das pessoas vai às sanduicherias para comprar o famoso pão com carne e molho. É comum, no horário do almoço, ver as pessoas andando nas ruas comendo um sanduíche feito com pão baguete. Já, às sete da noite, na Bélgica, é hora de se sentar a mesa para a mais importante refeição do dia. Geralmente, o belga prepara no jantar almôndegas com molho de tomate e pedaços de frango assado acompanhados de batata-frita ou cozida. Tradicionalmente, no Brasil, o jantar é facilmente substituído por outra coisa.

Para quem estava acostumado a freqüentar locais que eram refrigerados com ar-condicionado, é estranho perceber em todos os locais daqui os chamados “aquecedores”. Há algum tempo não sei o que são ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Ultimamente, a temperatura durante o dia tem ficado em torno dos 15 graus. À noite, a intensidade dos ventos aumenta e a temperatura chega a 5 graus. Para temperaturas baixas como estas, o Ideal é ter aquecedores instalados nos ambientes fechados.

Se muitos acham que o funcionalismo público no Brasil não trabalha, é espantoso saber que o expediente de muitos servidores públicos e privados da Bélgica é de 7 horas, com intervalo de duas horas durante a jornada de trabalho. A maioria das repartições abre às nove da manhã e fecha às quatro da tarde. Os supermercados fecham às sete da noite e não abrem aos domingos. Os shoppings fecham diariamente às seis da tarde. Durante a noite, reinam os bares.

As diferenças entre o Brasil e a Bélgica não se resumem a isso. Nos próximos dias, outras situações vão ser relatadas. É provável que a única semelhança entre os dois países seja a primeira consoante que dá o nome a eles .

Au Revoir!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

La Liberté !!!

Vinte e quatro anos de vida, vinte e dois dias distante das pessoas que mais amo. Vale a pena tamanho “sacrifício”? Uma pergunta complexa para uma resposta direta. Sim, vale a pena! Clarice Lispector, em sua obra “A Hora da Estrela”, é assertiva quando menciona a seguinte frase: “Liberdade é pouco. O que busco ainda não tem nome!”

Talvez, eu seja prematuro para dar um nome àquilo que ainda não tem nome. Mas considero-me preparado para aproveitar todos os momentos que me serão propiciados durante o período de estudos no exterior. A saudade de casa e a saudade do meu país servirão, na verdade, como combustíveis para a minha nova jornada.

Uma mistura de ufanismo e saudade. Quem sabe não é esta a própria receita da liberdade?!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"La version officielle US est fausse", dizem os jornais da Bélgica sobre os ataques de 11 de setembro!

O 11 de setembro foi lembrado pelos jornais que circulam na Bélgica. A surpresa é a forma com que a imprensa belga trata o assunto, depois de sete anos de mistérios sobre as causas que motivaram tamanha tragédia. Para a imprensa local, as justificativas dadas pelo governo americano sobre os ataques, que, em 2001, vitimaram mais de 3000 pessoas, precisam ser mais bem explicadas.

O períodico “Le Soir”, o mais importante da Bélgica, traz a manchete “11 Septembre: Le spectre du grande complot”. Segundo o jornal, a versão oficial do governo americano é falsa. A matéria publicada relata versões sobre os ataques, consideradas não oficiais, que foram divulgadas na internet.

Inúmeras imagens de cenas dos ataques foram mostradas na edição do jonal acompanhadas dos seguintes questionamentos: Pourquoi les étages inférieurs nónt-ils pas résisté? Pourquoi a-t-on trouvé du métal em fusion sous les décombres? Pourquoi le WTC 7 sést-il effondré? Au Pentagone , s’agissait-il bien d’um avion? As perguntas sugerem que os ataques foram planejados pelo próprio governo americano para, então, justificar a guerra do Iraque e a incessante busca do governo Bush pela “exterminação” do terrorismo disseminado pela rede Al-Queada.

A edição do “La Derniere Heures” traz na capa a manchete “Les doutes persistants de l’Amerique”. A reportagem, de apenas uma página, diz que as dúvidas persistem na América. Na comemoração do aniversário do 11 de setembro, de acordo com o jornal, as causas da tragédia continuam indefinidas.

O jornal “La Libre Belgique” traz na capa a manchete “C’est un mystère!” A reportagem publicada questiona o porquê a Casa Branca não foi alvo dos ataques. Para o “La Libre”, Bush sairá da presidência dos Estados Unidos sem revelar as verdades sobre as motivações dos ataques de 11 de setembro.

Ambos os jornais têm formatos e abordagens diferentes, mas todos, sem exceção, criticam as informações oficiais do governo americano e trazem questionamentos que, em sete anos, jamais tinho visto nas páginas dos mais importantes jornais do Brasil.

sábado, 30 de agosto de 2008

Caos em Comum

O caos aéreo não é originalmente brasileiro. Durante minha passagem por dois aeroportos aqui instalados (Madrid e Bruxelas), pude constatar que a pontualidade européia é falha. Órgãos responsáveis pelo tráfego aéreo na Europa adotam o critério de que todos os vôos partindo dos aeroportos dos países que integram o continente só podem registrar atrasos de 30 minutos sob o risco das companhias sofrerem penalidades.

Alguns jornais da Europa, a exemplo do periódico espanhol El País, tem dado importância ao tema, em decorrência do acidente aéreo ocorrido semanas atrás no aeroporto de Barajas, em Madrid. Como já foi noticiado pela imprensa internacional, as causas do acidente aéreo, que vitimou mais de 150 pessoas, não tem nenhuma relação com o intenso tráfego aéreo do principal aeroporto da Espanha. A tragédia apenas motivou que a imprensa local voltasse sua atenção para os aeroportos aqui instalados.

A minha conexão em Madrid, prevista para durar 60 minutos, ultrapassou a previsão inicial e o meu embarque com destino a Bélgica só foi acontecer três horas depois. A cada meia hora os painéis eletrônicos informavam um novo portão de embarque e uma nova previsão de decolagem do avião. Os freqüentes e inúmeros atrasos e cancelamentos de vôos em Barajas revela a inoperância do sistema aeroportuário espanhol e aproxima, neste aspecto, a Europa do Brasil.

Não é de meu conhecimento o nome da agência que fiscaliza o movimento nos aeroportos europeus, a exemplo da Anac, responsável pela fiscalização aeroportuária brasileira. Isso, também, pouco me interessa. O acontecido serviu como alerta. A experiência vivida comprovou que o caos aéreo não é originalmente brasileiro. Talvez, ele tenha raiz na Europa.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Dias longos, noites curtas!

Hoje, 29 de agosto, completa cinco dias que estou em solo europeu para um período de 11 meses de estudo na conceituada Universidade de Liége, na Bélgica.

Ainda tenho sofrido com a adaptação ao clima, aos costumes, a cultura e a comida belga. No entanto, o que tem sido mais difícil é adaptar-se ao novo fuso horário. Estando cinco horas a frente do fuso horário brasileiro, é incômodo ir dormir a meia-noite, enquanto no Brasil seria sete horas da noite.

As comparações de horário, neste caso, são frequentes. A todo momento associo o que estou fazendo a situações que poderia estar vivendo no Brasil.

Em virtude da diferença de horas, o sol nasce por volta das oito horas da manhã e só se põe às 9 da noite. O frio que se faz deixa o dia cinzento e o sol quase não é visto. Sabe-se que é dia porque alguns raios denunciam a presença da estrela solar no céu europeu...

Au revoir!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Bienvenu!

Depois de quase 12 horas de vôo e de cansativos momentos de espera nos aeroportos do Brasil e da Espanha, cheguei a Bélgica no final da tarde da última segunda-feira, dia 25 de agosto.

A capital da Bélgica, bem como a cidade de Liége, considerada a terceira maior cidade do pequenino país europeu, são exemplos clássicos da evolução histórica. Ao lado de grandes monumentos datados de séculos, milênios, é possível identificar a modernidade. Entre as apertadas ruas de Liége, que mais se assemelham a becos, é fácil observar luxuosos carros e pessoas caminhando tranquïlamente pelas velhas ruas de pedra, como se estivessem desfilando para grifes internacionais.

Quem observa os velhos casarões e construções da cidade e acredita que não se passam de amontoados de tijolos está enganado. É no interior da maioria dos prédios que a modernidade belga se esconde. Na Bélgica, o rústico esconde o que há de mais moderno no interior das edificações.

Merci!

domingo, 24 de agosto de 2008

Embarque Imediato!

Chegou o dia, chegou a hora. Malas prontas, documentos acertados e coração apertado. É estanho perceber que, dentro de algumas horas, já estarei em um local muito distante. O desconhecido ainda me assombra um pouco, mas o desejo de alcançar os meus objetivos torna pequeno todo e qualquer tipo de temor, em comparação ao tamanho da minha audácia, do meu desejo de conseguir traçar e alcançar mais uma meta para a minha vida acadêmica e profissional.

A partir da próxima semana, quando tudo estiver estabilizado, pretendo fazer deste blog um diário de acontecimentos. Certamente, as novidades serão muitas. Por isso, não hesitarei em narrar, aqui, as experiências vividas.

Salut, Brésil!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A hora é Agora!

17:00 > Casa Chamando (é a mensagem que aparece no display do celular); Do outro lado da linha, uma voz eufórica. Incomparável a todas as outras vozes femininas, minha mãe quem fala.

Oficialmente, recebo a notícia de que o meu Visto, a minha autorização para adentrar o Espaço SCHENGEN, na Europa, havia chegado pelos Correios... Ao mesmo tempo em que a chegada do Visto é celebrada com júbilos, o Visto em mãos exclui toda e qualquer possibilidade de voltar atrás, de desistir.

Finalmente, a hora é Agora! É hora de acertar os detalhes, de priorizar o que ainda está pendente e aguardar o dia de embarque...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Preparativos

Desde que recebi a notícia do Consulado Belga de que meu visto havia sido aceito, a minha rotina virou de ponta a cabeça. Preciso, agora, correr contra o tempo. Acertar detalhes sobre data de embarque, companhia aérea, local de hospedagem, entre outros.

A única certeza, até o momento, é a de que estarei, em breve, em solo europeu. A contagem regressiva faz com que minha ansiedade triplique. É proporcional ao tamanho da minha ansiedade, a minha alegria e o meu temor em estar prestes a desbravar o desconhecido.

Nos próximos dias, falarei um pouco sobre as expectativas que tenho e levo comigo em direção ao Coração da Europa.

Ailton Sobrinho, em 10 de Agosto de 2008.
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