Quase 50 anos. Esta deve ser a faixa etária de um professor, o qual faço questão de não mencionar o nome, magro, alto, com tosse constante e uma voz que denuncia o seu frequente hábito de fumar. O Doutor, um dos titulares do Departamento de Audiovisual do setor de Comunicação e Informação da Universidade de Liége, ficou responsável pela leitura do meu dossiê contendo análise de 12 filmes (3 mudos, 3 clássicos, 3 modernos e 3 contemporâneos).
Hoje, sexta-feira (12/06), 9 da manhã, foi agendada a argüição oral. Momento em que eu teria que apresentar a análise dos filmes, explicitar suas características, de acordo com as teorias do cinema e de alguns movimentos cinematográficos que surgiram a partir dos anos 20. Tendo o conhecimento prévio do que falaria e um roteiro imaginário já gravado na memória, adentrei a sala do professor, trajando social, com alguns papéis de anotações e um dicionário de francês em mãos, que seria utilizado em caso de emergência "vocabulorial".
Pontualmente, às 9 da manhã, fui chamado. Ao entrar na sala, a primeira surpresa. O professor que me aguardava não era o simpático Phillipe Dubois, quem havia me orientado. Era um professor desconhecido. Semblante sério, fechado e pouco sociável. Minha primeira reação foi dizer: "Bonjour", aguardando ser saudado da mesma forma. O que não aconteceu. Ele foi direto e disse: "Je vous écoute. Vous avez 45 minutes". - Eu o ouço. Você tem 45 minutos -.
Mal sabia o que me esperava. Foram os 45 minutos mais tortuosos e trágicos da minha jornada acadêmica. Esta não foi a minha primeira apresentação oral em francês sobre um determinado assunto. Pelo contrário, por ter adquirido experiências anteriores, me sentia seguro para mais uma apresentação. No entanto, a medida que eu apresentava a análise de um filme e discorria sobre os elementos teóricos presentes em sua montagem, narração, enredo, etc, o professor retrucava dizendo que eu cometia sérios equívocos ao fazer algumas colocações. Ele foi capaz de dizer que estávamos em duas situações adversas. Lingüística (devido o meu acento ao falar francês) e teórica (sugerindo que as minhas análises não haviam se baseado nas teorias de David Bordwell e Kristin Thompson, autores do livro "A arte do filme"), algo que não procedia.
As constantes observações negativas feitas pelo professor (começou a questionar inclusive a fonte que utilizei ao redigir o trabalho no word), sua seriedade ao acompanhar a apresentação e sua astúcia ao se posicionar contra, fez com que ao poucos eu fosse desacreditando na qualidade de minhas próprias análises. Em certo momento da apresentação, após ser enfaticamente questionado sobre a veracidade de uma informação, cheguei a abrir o livro e mostrar a teoria a ele. Obviamente, ele se sentiu afrontado e não foi muito simpático com o meu gesto. A sala tornou-se uma arena. O objetivo dele era me colocar em contradição. Aos poucos, a minha tranquilidade deu espaço ao nervosismo. As palavras em francês já não eram pronunciadas facilmente e o meu raciocínio ao fazer a tradução português/francês em pensamento para dar continuidade ao discurso já apresentava falhas.
O stress foi tão grande que finalizada a minha apresentação e dado início às perguntas, não sabia dizer nem mesmo quais eram as unidades articuladoras da linguagem cinematográfica (pergunta considerada simples no âmbito da Teoria do Cinema). Havia, naquele momento, decretado a minha reprovação. De um total de 20 pontos, onde o mínimo para aprovação é 12, consegui, na concepção e avaliação do, então, temido professor, alcançar 10 pontos. Apesar do amargo gosto da reprovação, sei que, em todas as situações, mesmo me esforçando para fazer e ser sempre o melhor, as coisas podem dar certo ou não. É uma questão de ser maduro suficiente para aceitar as derrotas e coragem em sobra para encarar os novos desafios. E o próximo já tem data certa. Será na próxima terça-feira, dia 16.
Atenção! A ferramenta "Google Translator" não garante uma tradução correta do texto, de acordo com as normas gramaticais de sua língua. Obrigado pela visita!
11 comentários:
Pra falar a verdade mesmo mesmo mesmo mesmo, eu adoro ler esses tiipos de textos, sei lá, eles me passam uma imagem diferente! ^^
Odeio professores que se acham demais, tem professor que analisa muita coisa técnica com muito mais rigo do que seu próprio conteúdo, acho que sendo rigoroso demais ao ponto de fazer isso pode até gerarr um trauma no aluno, as vezes um probleminha de parágrafo, acentuação ou espaço pode gerar um ponto negativo, sacanagem.
BLOGdoRUBINHO
www.blogdorubinho.cjb.net
Alguns professores tem o dom de desestabilizar os alunos. As vezes fazem questão. Sinto muito por você não ter passado. Confesso que quando comecei a ler o texto já torcia por ti, mas que pena né? Da proxima tu consegue! Seu blog que agradou muito!
http://cerebro-musical.blogspot.com
Putz, que imbecil!
Mas bola pra frente, parabens pela coragem!
um abraço do Saci!
O bom é que não acaba aqui. Não é o fim...E apesar da recente reprovação, já já vc chega lá!!!
Boa Sorte!
=*
Ao ler o seu relato lembre-me da minha apresentação à banca da monografia que fiz no curso de jornalismo. O negócio é ter segurança na pesquisa que vc fez, pq os professores querem ver justamente isso. Desejo sorte na sua próxima apresentação.
Abraço
Persista!Os percalços do caminho apenas deixam a vitória mais saborosa!
Bonne chance au nouveau teste.
(Atenção! A ferramenta "Google Translator" não garante uma tradução correta do texto, de acordo com as normas gramaticais de sua língua.)
the-curts.blogspot.com
putz cara, que chato! As vezes dá um sentimento de injustiça muito grande quando vemos nossos sonhos nas mãos de alguém que está ali mais para punir que construir um acadêmico.
Boa sorte na terça... torcerei por vc.
puxa...situação bem chata essa descrita!!!! mas a vida deve e tem que continuar, da melhor forma possivel!!!!! boa sorte.
Posso imaginar como é dificil, sair do nosso país com um objetivo traçado e por uma "ironia" de certas pessoas (querer achar o tal) nos fazem destruir nossa auto estima, mas o segredo é não deixar que as quedas tomem conta, e sim erguer a cabeça e dizer EU SOU CAPAZ!!! Eu temho absoluta certeza que você é capaz!
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