Um inverno intenso. Uma língua diferente. Uma moeda desvalorizada. Pessoas receptivas. Cultura interessante. Lugares fantásticos. Riqueza histórica. País marcado pelo holocausto. Witamy Polska! "Bem-vindo à Polônia!"
Intenso Inverno - No sobrevoo feito pelo avião momentos antes de pousar no aeroporto da cidade de Wroclaw (Vratislavia), ao sul da Polônia, já era possível notar o frio que me aguardava. Do alto, era impossível identificar limites entre áreas agrícolas e urbanas da região. Tudo parecia um grande campo de ski. Áreas completamente tomadas pela neve. A impressão era a de que, em virtude da nevasca, visitaria uma cidade sem atrativos e me depararia com um local praticamente 'deserto', com pessoas reclusas dentro de suas casas.
Ao contrário do que imaginei, mesmo com a insistente neve, Vratislavia estava com vida. Carros, ônibus e bondes dividiam espaços nas ruas e, nas calçadas, pessoas e carros disputavam os corredores de passagem. Acredite se quiser! Na Polônia, o pedestre deve se atentar com a movimentação dos carros nas ruas e, também, nas calçadas. É permitido que os motoristas estacionem suas máquinas automotivas nos locais que, até então, acreditava ser destinado exclusivamente a pedestres.
Diferente Língua - Já tenho me tornado insensível ao perceber uma pessoa falando ao meu lado uma língua que não seja o português. No início, ficava fascinado ao ouvir alguém falando em francês, inglês ou qualquer que fosse a língua estrangeira. Achava um encanto. O máximo! Hoje em dia, isso é tão cotidiano que, felizmente ou não, perdeu a graça. Na Polônia não foi diferente.
A língua oficial da Polônia, o polonês, é tão difícil de ser compreendida que a sensação ao ouvir os poloneses se comunicando é a de que nem eles estão se entendendo. A frequente pronunciação das letras K e W dá um som diferenciado ao polonês que, às vezes, soa engraçado. Talvez, o maior desafio ao visitar a Polônia é saber se comunicar. Infelizmente, o número de pessoas que falam inglês no país é ínfimo. E esta não é uma conclusão minha. Qualquer pessoa que visitar a Polônia sairá do país com a mesma percepção.
O momento de maior stress para os turistas é o de comprar passagens de trens e ônibus. Lamentavelmente, não falam inglês nos guichês das estações. A comunicação entre turista e funcionários dos guichês se dá por meio de anotações. Para conseguir comprar bilhetes de viagem de uma cidade para outra, tive que providenciar papel e caneta no momento da compra. No pedaço de papel, colocava o horário em que gostaria de embarcar e o nome da cidade de destino (em polonês), previamente pesquisado na internet. Após a compra do bilhete, havia outro desafio. Conseguir embarcar.
Não existem nas estações placas de orientação em inglês sobre os trens e os ônibus que partem e chegam. Essa falta de informação /orientação fez com que eu perdesse o trem de Vratislavia a Cracóvia, estando dentro da própria estação. Acreditando estar na linha 3, como estava expresso no bilhete "03", perdi o trem que, na verdade, não partiria da linha (tor) 03, mas sim da Plataforma (Perony) 03. Em outras situações, que chegaram a ser engraçadas, consegui informações de como chegar a alguns locais através de mímicas. Sem falar inglês, muitas das pessoas apenas gesticulavam com os braços a direção que deveria seguir.
Desvalorizada Moeda - Nunca o dinheiro disponível para viagem rendeu tanto, como na Polônia. Com apenas 170 Euros no bolso (equivalente a R$ 518,00), realizei uma viagem pelo país sem ter que frear os gastos, como em viagens anteriores à Itália, Portugal e Escócia. O dinheiro em conta, convertido em Zloty (moeda da Polônia), rendeu o valor de 790 zl. Praticamente, uma fortuna para uma viagem de apenas 5 dias pelo país.
Em tempos de desaceleração da economia, instabilidade do dólar, valorização do Euro e de aperto orçamentário na conta bancária de minha mãe, a estratégia é viajar para países do Leste Europeu, onde o Euro não é a moeda oficial e o custo de vida é baixo. Mesmo com pouca grana, é possível conhecer os locais pretendidos, uma vez que é muito barato o valor das passagens de trens e ônibus. Os valores das acomodações e da alimentação nos restaurantes também são consideravelmente menores. No quesito alimentação, ao visitar a Polônia é preciso experimentar o prato típico do país, chamado Pierogie. É uma espécie de Risole. Os recheios são os mais diversificados, variando entre doce e salgado.
Esta é a Polônia - Pessoas receptivas. Cultura interessante. Lugares fantásticos. Riqueza histórica. País marcado pelo holocausto. A Polônia é, sem dúvida, um país de contrastes. Ao mesmo tempo em que carrega uma história de massacre recente em seu território, o país parece ter se levantado dos horrores do holocausto e conseguido superar os momentos de terror vividos por muitos de seus habitantes. Auschwitz ainda continua viva na mente de muitos poloneses, mas a impressão é que grande parte da população já conseguiu virar as páginas do passado.
Antes de viajar para o país, havia escutado comentários de que os poloneses eram extremamente tristes e fechados. A minha constatação foi diferente. Conheci uma Polônia alegre, receptiva e com lugares fantásticos. Outro contraste da Polônia em relação a outros países europeus está na religião. O catolicismo no país é extremamente forte. A região da Cracóvia, a mesma em que viveu o Papa João Paulo II, se orgulha de um dos seus moradores mais respeitados no mundo. Diferente de muitos outros países, as igrejas na Polônia estão sempre cheias. No entanto, lotadas não de turistas, mas de poloneses professando a fé que acreditam.
A plus, Pologne!
Na próxima postagem, um comentário especial sobre a experiência de ter visitado os Campos de Trabalho e Concentração de Auschwitz.